Durante anos, as escolas de gestão e de negócios têm exagerado imensamente sobre a importância de ferramentas e teorias para a introdução de inovações aos mercados de forma eficaz. Como o senso comum indica, o preditor de sucesso extremamente importante para uma inovação não é o uso de ferramentas, “estruturas de inovação”, ou manual de regras, mas a qualidade da liderança do projeto e o talento e a motivação do pessoal a executá-la. Na gestão da inovação, precisamos voltar ao básico.

A gerência deve dar tempo para lidar com os aspectos críticos da motivação de pessoal, desenvolvendo espírito inovador e energia empreendedora, partes companheiras da inovatividade. Em nosso mundo com pouco estímulo para a contribuição crucial de atividades de criação de inovações técnicas, quatro das recomendações básicas, muitas vezes esquecidas, são:

1. Integrar efetivamente os novos contratados

Laura, gerente de unidade na empresa de pesquisa MatLab, tinha o hábito de organizar uma festa logo após uma nova contratação se juntar a sua unidade. Este reunião no local de trabalho foi uma oportunidade para apresentar o novo contratado à comunidade. Também enviou uma mensagem de boas-vindas muito positiva, celebrando a nova chegada, fortalecendo a equipe: festas devem ser realizadas quando pessoas entram, mais do que quando eles deixam a empresa, Laura pensava.

Ela também tinha a prática das novas contratações passarem os três primeiros meses no trabalho compartilhando seu próprio escritório. Desta forma, Laura estava prontamente disponível para perguntas e ela podia gradualmente informar as novas contratações e apresentá-las a pessoas que chegavam ao seu escritório.

2. Gestor deve verdadeiramente atuar como técnico

Como Laura pratica genuinamente, os gerentes de primeira linha devem ser um recurso, com muito tato disponibilizado aos seus funcionários: ser discreto quando os profissionais devem se concentrar em uma parte crucial do trabalho, e envolver-se em diálogo positivo e de apoio quando a pessoa está pronta para absorver informação.

Em nosso ambiente de negócios extremamente turbulento, os gestores estão tão ocupados com tarefas operacionais que eles acham difícil encontrar tempo para cultivar uma relação de confiança e inspiradora com seus funcionários. “Ser ocupado” é uma desculpa esfarrapada para permitir o urgente tomar precedência sobre o importante.

Obviamente, tudo isso começou com o processo de contratação: os gerentes devem contratar pessoal melhor do que eles mesmos conscientemente – quantos realmente fazem isso? Os candidatos com perfil empreendedor devem ser atraídos para a empresa. Para isso, a empresa não deve ser burocrática…

Quem faz o sucesso do Vale do Silício, na Califórnia, e Cambridge, no Reino Unido? Pesquisadores-empreendedores! Sua orientação não é alimentada por comerciantes e banqueiros, mas por sua própria paixão. Eles constituem um elemento fundamental do nosso mundo e merecem muito mais atenção, como eles trabalham no processo muito necessário de criação dos postos de trabalho para amanhã.

3. Desenvolvimento de líderes de projeto em uma perspectiva empreendedora

Um enorme gargalo em empresas de tecnologia é o número insuficiente de gerentes de projeto de alto desempenho. O problema é agravado pelo fato de que o processo de inovação é cada vez mais realizado em projetos complexos, multi-atores, aglutinando uma grande quantidade de insumos externos à empresa, inclusive das “minas de ouro” representadas pelo conhecimento em universidades e laboratórios públicos.

4. A riqueza da diversidade em uma equipe

O nosso mundo é de fato cada vez mais interdependente, mas, felizmente, não é homogêneo. A riqueza da sua diversidade deve ser percebida pela administração como um ativo muito positivo. Uma forma poderosa de se preparar para isso é os gestores dominarem várias línguas, incluindo as línguas “mortas”, como o latim e o grego, consideradas inúteis. Pelo contrário, elas abrem e treinam a mente de maneira única. Saber uma língua vai muito além de conversar na mesma; proporciona enriquecimento considerável, permitindo ver o mundo a partir de diferentes pontos de vista.

Em parte por causa de sua perspectiva cosmopolita, a Europa é a região do mundo mais bem equipada para ter sucesso de forma brilhante no século 21… Para efetivamente alavancar esses ativos, no entanto, os líderes europeus devem mostrar liderança e coragem, muito em falta estes dias.

Por: Georges Haour | Tradução por: Filipe Costa

Sobre o Autor

Georges HaourDr. Georges Haour é professor de Gestão de Tecnologia e Inovação, no IMD, Lausanne, Suíça. Ele também atua como consultor para empresas e organizações em sua área de criação de valor através de gestão eficaz do processo de inovação, bem como a comercialização de tecnologia. Seus livros mais recentes são Resolving the Innovation Paradox – Enhancing Growth in Technology Companies e From Science to Business – How  Firms Create Value by Partnering with Universities (www.sciencetobusiness.ch).